segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Eu acredito em António Costa!

António Costa apareceu, como líder do seu partido, numa aura de um político diferente de todos os outros. Um salvador, alguém capaz de apagar todo o mal causado pelos partidos antagonistas do seu e pelo seu próprio partido.

Neste fim-de-semana, eu vi que tal epíteto é justificado. António Costa, após algumas semanas sem concretizar uma única ideia de governação, manifestou-se relativamente à TAP.

Sendo a privatização da TAP um assunto constante dos dossiês do Executivo, o actual líder da autarquia lisbonense afirmou, dando a entender ser contra o modelo de privatização anunciado para a companhia, que a TAP "é tão importante, hoje, para Portugal como foram, no século XIV, as caravelas".

As caravelas foram equipamentos absolutamente essenciais para a época conhecida como os Descobrimentos. Esta época ocorreu entre os anos 1415 (ou 1418, já que Ceuta foi uma conquista, não uma descoberta) e 1543. Sendo que o século I compreendeu os anos 1 a 100, o século XIV teve como limites 1 de Janeiro de 1301 e 31 de Dezembro de 1400.

O maior impulsionador dos Descobrimentos, o Infante D. Henrique, já tinha seis anos no fim do século XIV, mas duvido que, por essa altura, ele imaginasse todo o mundo de possibilidades que aquele conjunto de tábuas de madeira lhe poderiam proporcionar. 

Eu deixei de duvidar da imparidade de António Costa. António Costa não mente. Para ele, a TAP tem a importância nacional que tiveram as caravelas muito antes de elas terem partido para o desconhecido e de trazerem para o nosso país tantas riquezas. Imagino que, para ele, o futebol tenha a mesma importância que os gladiadores e o circo romano tiveram há cinquenta mil anos; que o euro tenha a mesma importância que o escudo teve no século II.

Eu só espero que, seja António Costa primeiro-ministro ou outro qualquer, daqui a um ano, eu não tenha, para o Governo, a mesma importância que tiveram os meus saudosos avós no século XVII.

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