segunda-feira, 7 de abril de 2014

L’opportunité de Hollande

A Revista Visão publicou online um artigo meu, escrito a 31 de Março de 2014. Os caracteres com acentos não saíram bem, pelo que coloco aqui o link e o texto corrigido.



L’opportunité de Hollande

O Partido Socialista francês, de François Hollande, teve uma pesada derrota nas eleições autárquicas gaulesas deste fim-de-semana. Era um resultado previsível. O que Hollande tem de perceber é que esta derrota foi o melhor que lhe podia ter acontecido, politicamente.

Costuma dizer-se que é nas crises que se encontram as melhores oportunidades. Na minha opinião, dificilmente se encontrará maior paradigma para o ilustrar, em termos políticos.

É conhecido o enorme descontentamento, dos franceses e dos europeus, relativo às frustradas expectativas de uma França com uma posição forte no plano europeu, com promessas de solidariedade e um combate à crise com medidas que a vencessem, não que a agravassem. Hollande falhou, nacional e internacionalmente. Mas só até agora, ainda no princípio do seu mandato.

A dois meses das eleições para o Parlamento Europeu, o inquilino do Eliseu tem, agora, todas as condições para deixar o seu nome escrito na História da Europa e enlevá-la.

Os resultados das últimas eleições em França foram, basicamente, um enorme protesto, uma afirmação de desilusão relativa aos primeiros meses de governação. Aproveitando a campanha eleitoral que se aproxima, com a taxa de popularidade imersa num pantanal, Hollande só tem que repetir, convictamente, o programa com que se apresentou às eleições presidenciais de 2012; Hollande só tem que dizer a Frau Merkel que o seu eleitorado exige uma política diferente daquela que vem seguindo, que exige medidas, nacionais e europeias, que não as da simples e penosa austeridade. Hollande só tem que mostrar ao mundo que, continuando desta forma, as políticas extremistas dominarão a freguesia, o distrito, o parlamento nacional, fracturando a Europa, os parlamentos nacionais que se seguirem, colocando distritos vizinhos em guerra, até chegar às freguesias, à rua, ao prédio, ao andar. Hollande poderá, assim, conquistar os seus compatriotas ao mesmo tempo que contagia e abraça os parceiros europeus mais frágeis.

Monsieur Hollande, há oportunidades que nunca chegam. Há oportunidades que chegam uma vez na vida. Oportunidades que chegam duas vezes são uma raridade. O que vai fazer com ela?

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