sexta-feira, 11 de abril de 2014

Dar o exemplo

Após uma audição concedida em São Bento pelo seu inquilino aos partidos com assento parlamentar, Marco António Costa, porta-voz do PSD, veio colocar novamente em discussão na esfera pública o tema de retribuições salariais e pensões indexadas ao comportamento da economia nacional.

Não explicitou como seriam os desempenhos macroeconómicos reflectidos nos recibos de vencimento ou pensões dos portugueses. Ora, tal medida parece-me, numa simples palavra, injusta. Deverão os trabalhadores da Autoeuropa, após um ano de objectivos, pré-estabelecidos com a sua Administração, plenamente cumpridos, ser penalizados por um ano de recessão a nível nacional? Ou deverão ser premiados trabalhadores que, por motivos a si só imputáveis, não cumpriram com as suas obrigações, só por o país ter tido um ano de milagre económico? Eu afirmo que não.

Mas vamos admitir que tal medida é meritória de, pelo menos, ser estudada. Muito bem, aqui fica a minha proposta. Façamos a experiência com um grupo de estudo. O grupo piloto pode ser o do Governo e da Assembleia da República. Mais um euro ou menos um euro no vencimento de cada governante (incluindo respectivos gabinetes, assessores e afins) consoante menos um ou mais um desempregado (sem ter em conta a diminuição ou aumento da população activa). Mais um euro ou menos um euro para o mesmo grupo por cada milhão de redução ou aumento da dívida ou por cada milhão de aumento ou redução do PIB anual.

Também a nível demográfico podemos proceder a ajustamentos: mais um euro ou menos um euro para cada deputado por cada cem portugueses que regressam ao país ou que o abandonam, à procura de condições de vida condignas; aumento ou redução de um deputado por cada dez mil portugueses que regressam a Portugal ou que dele fogem.

Tentemos. Tente o Governo. Dê o exemplo e mostre que é a melhor solução. Caso seja, cá estarei para me dispor a ser ressarcido laboralmente da mesma forma.

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